I KNEW I WAS GONNA LOVE SHOW BUSINESS IF I EVER GOT INTO IT

Pois bem, meus caros leitores deste exato instante, deixo aqui uma pequena parte de minha vida para aplacar um pouco a curiosidade geral da nação.

UMA BREVE BIOGRAFIA DE
MELIUS ZAPIRANGA BONGO
por ele mesmo



capitulum: os princípios idealistas
Mais velho do que pareço, mais novo do que mereço. Foi-se o tempo em que os sonhos mirabolantes iluminavam a tela dos meus pensamentos. Agora, fazemos primeiro para descobrir depois. Inventando novos passatempos e propósitos para minha pacata pacífica patética vida, reuni numas noventa-e-tantas páginas um punhado de poética rabiscos histórias momentos e melodiazinhas desconhecidas. Não sem antes fracassar em diversas tentativas iniciais, é verdade. Após alguns tristes anos de reclusão e descrença, pude maquinar todo o processo improvável de retorno à cena pública, sem caras ou bocas. Porém as coisas nunca acontecem conforme planejadas...
*
capitulois: criação e confusão
Dentro da cabeça:
- Vamos lá dar a cara à tapa, botar a boca no trombone, enfiar o pé na jaca!
- Vamos voltar ao trabalho e terminar essa porcaria logo então.
- Começar incêndios, jogar a merda no ventilador...!
- Isso!
- Isso!
- Duas noites sem pregar os olhos
graças a um bocado de mosquitos escrotos...
- Na missa todo domingo...
- Vamos fugir de casa e morar numa barraca!
- Isso.
- Isso...
- Vamos lá fazer o nosso próprio mundo.
- Mas vê se não se esquece do todo!
- Bah, não tem que significar é nada mesmo...
- Pra onde será que estamos indo afinal?
- Viver não é preciso.
- Tchau, até nunca mais!
- É melhor não se importar demais com nada.
- Cuidado com quem se leva a sério demais.
- Bota pra quebrar.
- Mas às vezes não vou com a minha cara...
- Esta cidade está rindo da nossa cara!
- Ainda a pegamos de surpresa.
- Mas será que existe final?
- Só vamos saber no final.
- Talvez seja melhor largar tudo inacabado...
- Esse mundo é tudo tanto nada pra todo lado...
- Um dia esbarramos no destino de novo.
- E aqui vamos nós.
- Ninguém precisa entender.
- Será que mais uma dose?
- A circunstância faz os amigos?
- Tem é que arriscar!
- Já não lembro de muita coisa...
- As coisas caminham mais devagar do que nunca.
- Muito bem, muito bem. Continuem assim.
- Uma linha a menos a ser escrita!
- Os melhores dias ainda estão por vir.
- Os piores também...
*
capitulês: o setor de gráficas
Na recepção:

-Documentos, por favor.
Tomaí o crachá,
visitante
intruso
vadio.
A sala de orçamento
é atrás daquela porta.

É isso, calhamaço
de papel jornal
(só um fetichezinho)
mal-acabado
recortado
desperdiçado.

-Veja bem,
metade disso tudo
são seis mil reais.

-Qual é mesmo o conteúdo?

Pornográfico.
Comunista.
Revolucionário.
Infantil.
Culinário.
Religioso.

Não, só uns desenhinhos
com umas pirocas no meio,
e umas mulépelada também.

-Hm, sei.
Muito bem,
logo vi.
Nosso precinho
camarada
fica então
em um milhão.

(remexendo os bolsos)

Serve este tostão furado?

-Tente a próxima
ali do lado.

Numa é assim:
a plaquinha de "proibido fumar"
atrás dum cinzeirão de cristal de 15 quilos.

Na outra, a bíblia aberta em cima da mesa:
-Revista? Não fazemos não, mas pergunta ali pro filadaputa do Zecão na portaria do puteiro que ele sabe onde arrumar uns negócio bão.

Teve uma que, com cara de armazém abandonado, tinha até um elevador que levava vinte anos pra subir. Pra descer era fácil.

Em outra então, o papel só reciclado importado ou banhado a ouro. Cobravam em dólares, mas o orçamento não cabia na calculadora.

A dos hippies chapados de fundo-de-quintal não encontramos.
*
capitulatro: lançamento
.O quarto entupido de caixas de revista
.mercadoria
.contrabando
.cheirando a tinta fresca

.e amanhã de manhã vamos carimbar
.mais umas 100 contracapas
.e preparar pra vender
.as 9200 páginas
.nas portas de escola
.e bazares de congressos

.quem sabe botar um chapéu bacana
.um bigode falso

.fumar como o cão, inevitável

.e fazer com tudo isso
.uma PUTA GRANA!

.pf!

.Na sarjeta do lado de fora não passa ninguém.

.Mas então
.a maré muda mesmo
.o crachá
.de repente não somos mais barrados na porta
.e estamos dando autógrafo na mesa

.palestra
.convenção anual dos canalhas panacas
.a arte também está no papel higiênico borrado

.bem, ainda temos que nos livrar das outras caixas

.divulgar
.distribuir
.enviar
.insistir

.(mas depois esquecer isso tudo.)
*
capitulinco: fama e fortuna
Um novo Maulífio de Fouva? O futuro espetacular ainda não chegou.
Será que o futuro flutua numa tela digital?

Um comentário:

Anônimo disse...

oi
adorei as obras do seu blog!!
pode me mandar um e-mail dizendo de quem são???
jana_fb_88@yahoo.com.br

obrigada