O ar da cidade grande...

Todos os dias
o jegue parava
por exatos dois minutos
no único semáforo da cidade,
na esquina da rua direita
com o beco do chulé,
e então seguia seu caminho.
.
Eu andava pelos becos
com meus cigarros paraguaios
que duravam o tempo
de tomar fôlego
pra subir a ladeira.
.
Lá embaixo, na rua,
passa a velhinha
com a sua bengalinha.
Anda devagar,
cospe no chão,
sorri um sorriso banguela
e acena pra mim
no alto da janela.
.
Na bifurcação da estrada de terra:
pra direita
acaba o mundo
pra esquerda tem mais chão
paisagem
café
e tutu de feijão.
.
O beco
repete
o eco
da gruta
seca
dum outro
século.
.
O vento frio
sopra
pela janela
aberta.
O silêncio
sobra
na cidade
deserta.
Todo mundo
está dormindo
na tarde de domingo.
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